terça-feira, 15 de maio de 2012

Parque Memorial Quilombo dos Palmares


1.Entrada
Após décadas de militância do Movimento Negro Brasileiro, a Serra da Barriga foi tombada como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 1986, imortalizando este local como símbolo de resistência e luta pela liberdade. Posteriormente, em 21 de março de 1997, Zumbi dos Palmares foi reconhecido pelo Governo Federal como Herói Nacional.

A riqueza do patrimônio imaterial afro-brasileiro tem sido preservada através da oralidade e das práticas religiosas, culturais e artesanais, encontradas nas casas religiosas de matriz africana e nas comunidades remanescentes de quilombo. Estas são as fontes de criação do conteúdo cultural do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
O cuidado em não apresentar o falso histórico permeia todos os elementos do Parque, principalmente as construções que, inspiradas na arquitetura africana, oferecem uma infra-estrutura ambientalmente correta, segura e confortável para os visitantes.

2. Oxile das ervas

(Terreiro das ervas)

Oxile das ervas
Na cultura dos diversos povos africanos e indígenas, as plantas e raízes eram utilizadas para cura, banhos e oferendas. Este conhecimento da medicina natural, mantido no Quilombo dos Palmares, perdura até hoje nas comunidades indígenas e remanescentes de quilombo, nas casas religiosas de matriz africana, nas casas das rezadeiras e nas pajelanças. Esta prática se perpetua também através do plantio de ervas nos quintais, nas hortas e nos canteiros das famílias brasileiras.

3.Onjó Cruzambê

(Casa do Campo Santo)

Onjó Cruzambê
Este espaço serve de apoio à prática das religiões de matriz africana que aqui se entrelaçam. Neste solo sagrado, Babalaôs, Babalorixás, Ialorixás, Ekedes, Ogãs e Abiãs fazem axexês (oferendas) e orikis (orações) aos eguns (espíritos) que vagam desassossegados pelo sangue derramado. Desde a década de 80, essas atividades acontecem na madrugada do dia 20 de novembro. Em oração, se pede proteção para a Serra e seus visitantes e licença para que a Serra seja visitada.

4. Espaço Acotirene
O Deus de todos os nomes – Nzambi, Olorum, Tupã e Oxalá – foi a fonte de resistência dos quilombolas. Inquices dos Bantus, Voduns dos Jéjés e Orixás dos Iorubas, representando as forças da natureza, inspiravam e protegiam o povo palmarino.

5.Muxima de Palmares

(Coração de Palmares)

Muxima de Palmares
Muxima de Palmares é uma homenagem aos Comandantes-em-Chefe que formavam o Conselho Deliberativo do Quilombo dos Palmares: Acaiene, Acaiuba, Acotilene, Amaro, Andalaquituche, Dambrabanga, Ganga-Muiça, Ganga Zona, Osenga, Subupira, Toculo, Tabocas, e seus principais líderes: Aqualtune, Ganga-Zumba e Zumbi. Banga, Camoanga e Mouza, que resistiram depois da morte de Zumbi, aqui também são homenageados, assim como todos os negros e negras, guerreiros e guerreiras, que ao longo de quatro séculos lutaram e ainda lutam pela liberdade e pela igualdade racial.

6.Espaço Quilombo dos Palmares
De 1597 a 1694, a zona da mata da Capitania de Pernambuco abrigou, num raio de 200 Km, dezenas de mocambos cuja organização política, social e militar consolidou  o lendário Quilombo dos Palmares.

7.Atalaia de Acaiene

(Mirante de Acaiene, Filho de Ganga-Zumba)

Atalaia de Acaiene
Neste local, diante do avanço das tropas inimigas, centenas de guerreiros iniciaram a fuga estratégica e planejada. Travando um combate sangrento, muitos se jogaram do despenhadeiro, preferindo a morte ao cativeiro. Zumbi, mesmo ferido, conseguiu escapar com um grupo de elite para o sumidouro na Serra Dois Irmãos, em Viçosa. Daquele esconderijo, tentou reorganizar o Quilombo dos Palmares, retomando a prática da guerrilha. Aparecia em povoados, arraiais e engenhos, disseminando a lenda da sua imortalidade.


8.Espaço Ganga-Zumba

Filho da Princesa Aqualtune, reinou durante décadas, levando Palmares ao apogeu e a ser reconhecido como nação pela Coroa Portuguesa. Assinou um pacto em 1678, com o governador da Capitania de Pernambuco. Foi traído e assassinado no mocambo Cucaú.


9.Lagoa encantada dos negros

e Gameleira sagrada (Irôco)

Lagoa encantada dos negros / Irôco
Este lugar representa a purificação da vida, onde os quilombolas, através da energia das águas e das árvores, repousavam e saciavam a sede, afiavam suas armas e ferramentas, alimentavam suas almas com a presença do supremo através da natureza. No Brasil, Irôco é o orixá da Gameleira branca e representa o tempo. É a essência da criação, o poder da terra, e ensina aos homens o sentido da vida. É a árvore primordial. Trazida pelos africanos, existe desde os princípios dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu e a tudo resistirá.


10.Espaço Aqualtune

Princesa e guerreira africana que fugiu, grávida, de um engenho em Porto Calvo. Com coragem e determinação adentrou e desbravou uma terra desconhecida e hostil. Fundou o Quilombo dos Palmares, também conhecido como Angola Janga (Minha Angola Pequena).

11.Ocas indígenas

As ocas atestam a presença indígena nos quilombos
Ocas indígenas
Foi fundamental para a sobrevivência dos quilombolas, o conhecimento da cultura indígena e seus valores. Pesquisas arqueológicas trouxeram à luz a presença do índio na ocupação da Serra da Barriga, centenas de anos antes da chegada dos europeus ao Brasil, até a formação dos Quilombos. A vida doméstica girava em torno de grandes ocas, vestígios que ainda restam neste sítio arqueológico, atualmente em fase de prospecção. Aqui já foram encontrados diversos artefatos, como potes, urnas funerárias, cachimbos feitos de barro queimado, ferramentas de lítico (pedra), incluindo machados e raspadores.

12.Batucajé

(Dança ao som de tambores)

Batucajé
O batuque é a essência da cultura afro-brasileira. Os sons dos tambores, berimbaus, adufes (pandeiros) e agogôs, levam homens e mulheres a sintonizar profundamente com seus corpos e espíritos, através da ginga da capoeira, da congada, do maracatu e do samba. Os acontecimentos da vida cotidiana, como nascimentos, mortes, plantios, colheitas, vitórias e manifestações da natureza, eram comemorados comunitariamente com danças, músicas e baticuns. Antigamente, os toques eram também um precioso meio de comunicação entre os guerreiros e entre o divino e o profano.

13.Atalaia de Acaiuba

(Mirante de Acaiuba, líder palmarino)

Protegidos pela densa mata atlântica, os quilombolas usavam tática de guerrilha avançada, surpreendendo e derrotando dezenas de expedições portuguesas e holandesas ao longo de décadas. Sitiando a Serra da Barriga, as tropas portuguesas somente conseguiram romper e adentrar o reduto palmarino usando o armamento pesado – canhões e escopetas. Aqui, a história registra o maior número de homens, mulheres e crianças mortos e degolados em combates. Esse genocídio aconteceu na madrugada do dia 6 de fevereiro de 1964.

14.Onjó de farinha

(Casa de farinha)

Onjó de farinha
A farinhada, tão comum nas comunidades rurais, era uma prática indígena, incorporada pelos negros e muito usada no Quilombo dos Palmares. Os quilombolas criavam animais e cultivavam milho, feijão, macaxeira, cana-de-açúcar, banana e laranja. Plantavam também a mandioca, de onde se extrai a farinha que, depois de torrada, pode ser usada no preparado de deliciosos bolos, beijus, tapiocas e outras guloseimas, tão presentes nas mesas das famílias nordestinas.

15.Atalaia de Toculo

(Mirante de Toculo, filho de Ganga-Zumba)

Atalaia de Toculo
Daqui do alto da Serra da Barriga, avistado o rio Mundaú, Zumbi dos Palmares comandava a resistência quilombola, controlando todo movimento suspeito na mata. A paliçada construída logo abaixo, no sopé da Serra, tornou-se uma proteção impenetrável, uma fortaleza, rodeada por fossos, contendo bichos ferozes e objetos pontiagudos. Canhões foram utilizados pela primeira vez contra Palmares em 6 de fevereiro de 1694, surpreendendo os quilombolas e determinando o fim trágico da Cerca Real dos Macacos.

16.Restaurante Kúuku-Wáana
(Banquete familiar)Kúuku-Wáana
A culinária afro-brasileira tem uma dimensão que transcende o alimento. Ela é uma oferenda da natureza aos seres vivos, e serve de elo de comunicação com os seus ancestrais. Na cultura Bantu, a culinária é um dos elementos de restauração da força vital e mantém o equilíbrio entre os vivos e os mortos. Aqui, você poderá saborear alguns dos quitutes que eram produzidos e consumidos pelos quilombolas quando chegaram à Serra da Barriga em 1597, sob a liderança da Princesa Aqualtune.